E se de repente...
Andava excitada e ofegada pela vida, feliz pela calçada que sustinha os meus passos firmes e orgulhosos. Nada me detinha, nada era obstáculo... eu era super, hiper, mega... eu era eu e gostava de ser quem era.
O que ficava para trás não voltava... tinha sido importante na minha construção, mas seria desnecessário na minha caminhada porque cada passo, firme e orgulhoso, era a construção distanciada de um novo eu.
Ressoava em meus passos, numa voz grave, terna e experiente a máxima: "Nunca te arrependas do que fizeste, mas sim do que não fizeste". Mas, avô... tu não me ensinaste que a vida ia ser feita de opções, não me disseste que das decisões tomadas poderiam surgir decepções... NÃO ME DISSESTE QUE IA DOER e que teria que novamente escolher...
Foram essas palavras... que não soube ouvir e interpretar mas que carregava como brasão, como arma... que me pararam avô... foram essas palavras que estavam entrelinhas que me magoaram, avô...
E então, cada sílaba daquela que tinha sido a minha máxima rebate no meu coração como dardo... pica, dói e fica... decompondo a máxima a uma mínima "(...) o que não fizeste"!!!
E como saberia eu avô, que o passado poderia ser presente?... como poderia eu saber que o passado poderia ser o futuro?... e que o presente, avô... era uma ponte incerta e instável...
A minha caminhada já não segue firme e orgulhosa, a calçada já não é segura... e eu já não sou super, hiper, mega... sou nada, avô!!!